A arte dá o seu manifesto de sobrevivência na maior feira do segmento da América do Sul

Com público recorde – 5 mil pessoas por dia, segundo a organização-, mais de 100 galerias de arte, 30 galerias de design e diversos nomes do cenário mundial, a SP-Arte, maior feira de arte da América do Sul e já referência no circuito mundial de feiras, volta com uma atmosfera de muito otimismo e traz um ingrediente a mais nas obras apresentadas. A pandemia que impôs novas formas de comportamento foi interpretada e externalizada através de diversas obras, que se mostraram mais diversas e plurais. A SP-Arte 22 marca a retomada do circuito de exposições nas capitais brasileiras, com ênfase em grandes retrospectivas de artistas consagrados.

Corredor principal da feira. Foto: Divulgação SP-Arte

Voltando à sua casa original, o prédio da Bienal do Parque Ibirapuera, a SP-Arte retoma suas atividades com um clima de mais abertura para novos artistas, uma valorização da arte feita nas Américas e uma sensação de manifesto contra o status quo, com galerias especiais, feitas por artistas negros e por artistas LGBTQI+, por exemplo.

Galeria Hoa, primeira galeria de arte de propriedade negra do Brasil. Foto: Divulgação SP-Arte
Obra da artista Azuhli, Galeria Leonardo Leal. Foto: Rodrigo Amando
Obra de Keith Haring, Galeria Opera. Foto: Rodrigo Amando

Artistas consagrados contemporâneos e de outras épocas, como Adriana Varejão e Di Cavalcanti respectivamente, por exemplo, não perderam seu protagonismo e foram um dos mais reverenciados, mas não ofuscaram os artistas novos e com propostas inovadoras. A vida cotidiana tem influenciado muito estes novos artistas, que não deixaram os novos comportamentos de fora dos temas das obras, muitas vezes provocativas de forma subjetiva ou até mesmo direta.

O Brasil também foi bastante o enfoque em diversas obras. O sentimento de um pedido de transformação urgente e pungente passou por diversas galerias, que dividiu com mais equilíbrio espaço com obras de artistas internacionais.

Obra Em 2085, Povos Originários Retomam a Amazônia, de Randolpho Lamonier, Galeria Periscópio. Foto: Divulgação Galeria Periscópio

Obra Amazonino, de Lygia Pape, Galeria Almeida&Dale. Foto: Rodrigo Amando
Blue Sauna, de Adriana Varejão. Galeria Almeida &Dale. Foto: Divulgação Galeria Almeida &Dale
Obra Figuras, de Di Cavalcanti, Galeria de Arte Ipanema. Foto: Rodrigo Amando
Instalação de Ale Jordão pela Galeria Choque Cultural. Foto: Divulgação SP-Arte
Exposição Hora Grande, de artistas sem representação comercial, Foto: Divulgação SP-Arte

Na área de design, a grande novidade foi a recolocação das galerias no primeiro andar, junto às galerias de arte. Empresas de mobiliário, iluminação e objetos ganharam mais destaque entre os visitantes. A ode ao modernismo brasileiro foi o tema de diversas empresas, que resgataram o melhor do auge do mobiliário moderno para expor em seus estandes. Nomes como Oscar Niemeyer, Joaquim Tenreiro, Percival Lafer, Bernardo Figueiredo, Geraldo de Barros e Zanine Caldas foram homenageados.

Aparador em Jacarandá, de Joaquim Tenreiro. Apartamento61. Divulgação SP-Arte
Estande da Passado Composto séc XX, com peças ícones do modernismo brasileiro. Foto: Rodrigo Amando

Mas o mobiliário contemporâneo também atraiu a atenção dos visitantes. O design brasileiro atual se mistura às tradições e técnicas artesanais, mas soma-se à tecnologia e às múltiplas inspirações em diversas culturas dos designers. Materiais naturais como a madeira, o linho, junto com elementos como o vidro, cristal e mármore criam resultados de vanguarda que merecem, justamente, ganhar o status de arte. Peças que somam poesia e uma interpretação do mundo atual, que começa a pedir por um futuro menos caótico e mais leve.

Buffet Abrigo, design de Maria Fernanda Paes de Barros, feito em madeira com esteira criada pela etnia Mehinako. Galeria D.Propósito. Foto: Lucas Rosin
Pendentes Costume, de Cristiana Bertolucci. Foto: Victor Affaro
Mesa de Centro Quadrícula, de Lucas Recchia para Firmacasa. Em quartzito vermelho e vidro. Foto: Divulgação SP-Arte
Coleção Instante, de Jacqueline Terpins. Foto: Divulgação SP-Arte
Cadeiras Quadros, da Ovo. Foto; Ruy Teixeira
Obra da coleção Pele, de Alex Rocca. Foto: Divulgação Alex Rocca

 

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