Surrealismo e design: o que o inconsciente nos oferece no campo da criatividade

Rosto de Mae West, Salvador Dalí, 1934-1935

O design surrealista, oriundo do movimento que nasceu nas artes visuais na década de 1920, trouxe para dentro das casas uma filosofia de encontrar no “irracional” um sentido para a existência, além de um toque de humor. Quem brincou com essa mistura foi o próprio Salvador Dalí que, no quadro Rosto de Mae West (1934-1935), no qual o pintor, obcecado pela atriz de mesmo nome, transformou seu rosto em um ambiente completo, usando partes de sua anatomia como peças de mobiliário. A partir dessa pintura, foi criado pelo Studio 65 o sofá Bocca, em 1970, uma das peças de design mais icônicas do século passado.

Sofá Bocca, Studio65, 1970.

Ainda nas décadas de 1930 e 1940, o surrealismo foi ganhando mais força no design, através de trabalhos de artistas e designers como Piero Fornasetti, Meret Oppenheim, Man Ray, Le Corbusier, entre outros, que buscavam criar obras, esculturas e peças a partir de materiais encontrados ao acaso.

Hand Chair, Pedro Friedeberg, 1965.
Fornasetti Vase, Piero Fornasetti.
Poltrona Up, Gaetano Pesce, 1969.

Nas décadas seguintes, o estilo se propagou para as Américas, que encontrou no surrealismo um nicho rentável e possível de ser recriado em série. Ray e Charles Eames, Isamu Noguchi, Pedro Friedeberg, até os mais contemporâneos como Ingo Maurer, Irmãos Campana, Studio Front beberam da fonte do inconsciente externado para dar vida a diversas obras icônicas.

Ozon III, Le Corbusier, 1962.
Porca Miseria!, de Ingo Maurer, 1994
Banco Dois Irmãos, Transwood Collecction, Irmãos Campana, 2020.
Horse Lamp, Front para Moooi, 2006.

Atualmente, a moda tem se valido do movimento surrealista em seu auge, como é o caso da maison Schiaparelli, que pelas mãos do diretor criativo Daniel Roseberry, ressurge como um ícone dos primórdios do movimento, tão devoto e conhecido mundialmente pela fundadora Elsa Schiaparelli. No design e na decoração, pitadas de figuras e peças surrealistas dão o toque de humor, sensualidade e personalidade a projetos assinados por diversos profissionais.

Bolsa Schiaparelli, Daniel Roseberry, 2022
Velo Chair, Jan Waterson, 2016.

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