Mix and Match: Pluralidade e singularidade se encontram na Maison&Objet

“Misturar tudo sem medo!”. Frase da arquiteta francesa com sangue espanhol Laura Gonzales – coroada a designer do ano durante a última edição da Maison&Objet, sintetiza muito bem tudo o que foi apresentado na feira, que ocorreu no início de setembro em Paris, na França. Primeiro evento do outono europeu no calendário de design, a exibição reuniu mais de três mil expositores divididos entre os universos de móveis e objetos tanto para a casa quanto para espaços de trabalho e ambientes corporativos, revelando novas tendências e talentos da área, bem como confirmando muito do que a equipe de design da impress vem falando e prospectando durante todo o ano.

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Do mix de cores, estampas e texturas, remetendo a exuberância de espaços numa pegada kitsch, à valorização do feito a mão, de materiais naturais e da busca por ambientes que transmitam sensação de conforto e acolhimento, o grande destaque da edição de outono 2019 ficou mesmo pela diversidade de estilos e linguagens, possibilitando as mais diferentes interpretações e combinações. Dessa forma, mais do que apontar tendências, propriamente ditas, os expositores abordaram conceitos que vêm movendo às relações contemporâneas entre o viver, o morar, o trabalhar e o interagir.

“O que vimos foi uma feira muito mais próxima da realidade do que outros eventos europeus ligados ao tema”, ressalta Alexandre Chiquiloff, gerente de design e marketing da Impress Decor Brasil, que esteve na capital francesa. “O lado humano, nossas rotinas, emoções, bem como nosso viés étnico e cultural, ou seja, nossas experiências como um todo, vêm tanto inspirando quanto sendo transmitidas nessas novas criações.”

Tudo isso ficou bem claro nas instalações organizadas por grandes analistas de tendências selecionados pela organização do evento. A mostra “What’s New” reuniu de maneira ambientada alguns dos produtos que mais se destacaram nos estandes dos expositores, traduzindo o tom das novidades apresentadas por lá – entre objetos de decoração, utensílios de cozinha, tapetes, mobiliário e muito mais.

Living – François Bernard

Confrontando as tendências estereotipadas da decoração em massa, esses ambientes reafirmaram nossa originalidade enquanto indivíduos. Para isso, foram explorados três conceitos. O conceito Vida Moderna expressa a simplicidade, trazendo padrões geométricos, além de formas puras e orgânicas, como características simbólicas do viver a partir de hoje. Já o conceito de Vida Escultural, valoriza o feito a mão e com emoção, apresentando peças escultóricas e únicas. Por fim, o Vida Suave exala conforto aliado a alta tecnologia, apostando em formas arredondadas e uma proposta leve, como que combinando o minimalismo escandinavo ao espírito japonês.

De uma forma geral, o ponto principal foi proporcionar espaços originais, mas também de reflexão e questionamento, por meio de uma mistura suave de estilos e formas inspiradas nas artes – como nas pinturas de Mondrian (trend que segue em alta desde o início do ano) – sendo apresentadas num color play bastante expressivo, que também deverá continuar dominando todos os ambientes em 2020.

Care – Elizabeth Leriche

“Estamos buscando tranquilidade num momento em que tudo está se tornando virtual.” O conceito “Care”, palavra em inglês para “cuidado”, fala sobre hospitalidade e bem-estar, intimidade e textura. Num cenário em que tudo está se desmaterializando, precisamos de algo reconfortante. Reconectando-nos a materiais que tenham significado e que nos transmitam boas sensações.

Aqui observamos o uso de matérias-primas e superfícies texturizadas, desde tecidos macios até metais brutos, numa ode ao étnico, ao artesanal, natural, ao bohemian, mas também à simplicidade, funcionalidade e receptividade dos espaços. A proposta vai ao encontro do retorno aos tons neutros e naturais, como os terracotas e os rosés, bem como uma maior praticidade em termos de formas, que são a cada dia mais simples, básicas e acolhedoras.

WORK! – Chantal Hamaide

Além dos conceitos acima, Chantal Hamaide foi a responsável por explorar os movimentos em ascensão quando o assunto é design e soluções para o ambiente de trabalho. Neste universo, conectividade e autonomia têm feito emergir uma nova gama de profissionais, como os tão falados nômades digitais, bem como ampliar a variedade de espaços dedicados ao trabalho. Com isso, nossos objetos de ofício devem se encaixar em todos os cenários possíveis, não só das grandes corporações aos chamados home offices, mas também considerando a possibilidade de qualquer lugar com conexão à Internet se tornar um work space.

Quatro palavras resumem esse conceito: conectividade, mobilidade, conforto e uso. A ideia é encontrar categorias de objetos e móveis úteis para a comunidade, mas que também promovam conforto, senso de intimidade e identidade, bem como tenha uma estética atraente para seus usuários.

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