A SP-Arte reafirmou em 2025 seu papel como uma das principais plataformas de encontro e difusão da produção artística e criativa no Brasil. Ocupando o Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, em São Paulo, com um recorte amplo e atento da arte contemporânea, a feira atraiu galerias, colecionadores, curadores e visitantes interessados em acompanhar os movimentos que vêm moldando o mercado, além dos discursos estéticos, sociais e políticos que atravessam o nosso tempo.
Nesse cenário, o setor de design tem ganhado cada vez mais destaque. O que antes era visto como um espaço experimental agora se consolida como uma parte essencial da feira — tanto pela qualidade das peças apresentadas quanto pelas conversas que elas provocam. O design aparece como uma linguagem com força própria, que vai além da função ou da decoração, refletindo sobre os modos como vivemos, consumimos e produzimos em um mundo em constante transformação.
Um dos pontos que mais chamaram atenção nesta edição foi o uso dos materiais. A madeira segue como protagonista, mas agora com foco no reaproveitamento, na origem certificada e em acabamentos que respeitam suas marcas naturais. Fibras vegetais, tecidos reutilizados, pigmentos naturais, pedras brutas e metais com aparência orgânica também marcaram presença, criando uma estética que valoriza o tempo, a imperfeição e a história de cada elemento.
As técnicas artesanais foram amplamente exploradas, mas com um olhar atual. Elas reaparecem como escolhas conscientes, valorizando o trabalho manual, o tempo do processo e os vínculos culturais que atravessam gerações. Trançados, entalhes, costuras e peças moldadas em cerâmica mostram uma aproximação entre tradição e inovação, com soluções feitas em pequena escala e grande cuidado com o detalhe.
O design apresentado na SP-Arte não se limitou à estética ou à função. Muitas peças provocaram reflexões — seja pela forma que desafia o uso convencional, pelos materiais pouco usuais ou pela aproximação com a arte. Algumas criações romperam as fronteiras entre objeto e conceito, ajudando a ampliar a própria ideia do que é — ou pode ser — o design.
Essa abordagem se fortalece ainda mais com a crescente preocupação ambiental. Diversos trabalhos levantaram questões sobre o ciclo de vida dos produtos, os processos de fabricação e a lógica do consumo rápido. A durabilidade, a possibilidade de renovação de uma peça em uso e o pensamento atemporal aparecem como princípios presentes em muitas propostas, apontando para um design mais consciente, alinhado aos desafios atuais.
O reconhecimento desse movimento dentro da própria estrutura da feira reforça sua relevância. Nesta edição, a SP-Arte lançou uma premiação em parceria com uma marca do setor de painéis de MDF — matéria-prima amplamente presente nas discussões sobre sustentabilidade e design responsável — dedicada exclusivamente ao design, destacando propostas que aliam inovação, técnica e consciência ambiental. A iniciativa é simbólica: além de valorizar a produção autoral brasileira, reforça o papel do design como campo estratégico de criação, impacto e identidade.
Ao reunir tradição, inovação, cuidado com o meio ambiente e senso crítico, o setor de design da SP-Arte mostra que o design brasileiro vive um momento de maturidade. Não se trata mais apenas de criar objetos bonitos ou funcionais, mas de propor ideias, levantar discussões e imaginar futuros. O design já não ocupa apenas um espaço dentro da feira — ele faz parte do seu centro criativo, com um papel fundamental para compreender o mundo em que vivemos.