A equipe da Impress Decor Brasil viajou para Milão para visitar a mais importante Semana de Design do mundo. O Salone Del Mobile 2023 aconteceu na última semana e contou com mais de 2 mil expositores de 37 países e mais de 300 mil visitantes de 181 países. Também, como nos últimos anos, o Fuorisalone ganhou destaque por sua diversidade de participantes, eventos e experiências que tomam conta de toda a cidade. Com essa multiplicidade de culturas, economias e comportamento, esta edição foi marcada pela confirmação de um design que prima pelo conforto, aliado à sustentabilidade, à leveza e à facilitação do entendimento do produto para sua comercialização, em contraponto ao lado mais conceitual e autoral dos eventos paralelos à feira.
Dentro do Salão do Móvel, localizado no distrito de Rho, o que se observou inicialmente foi a disposição das marcas. “As categorias Moderno, Clássico e Contemporâneo não existem mais, o que já mostra uma certa tendência em não rotularmos mais os estilos que já não se encaixam mais”, comenta Alexandre Chiquiloff, gerente de produto e design da Impress Decor Brasil.
As propostas de texturas que convidam ao toque, tonalidades sutis e naturais foram percebidas desde a edição do ano passado e, nesta edição, elas demonstram que o conforto e o acolhimento não são apenas uma moda passageira. “Isso é visto tanto no design dos produtos como no design dos acabamentos e revestimentos”, explica Chiquiloff.
Para ressaltar a proposta de aconchego, as formas seguem arredondadas, curvas, com equilíbrio, mas o geométrico, passando pelo assimétrico, começa a ter um retorno em algumas marcas.
No que se refere a cores e tonalidades, a cartela que predominou foi a de tons neutros. “Não encontramos nenhuma cor protagonista e que fosse novidade entre os tons escolhidos pelas marcas, mas vimos uma predominância da paleta neutra”, comenta Chiquiloff. Além dos tons neutros, cores como os azuis, verdes, terracotas e mostardas também foram empregadas. O tom Zaha, cor do Ano da Impress Decor, também se fez presente em diversos produtos. O terracota com fundo rosado foi uma constante em diversas marcas, assim como os neutros de base bege, mais quente. “O cinza apareceu de forma tímida e cedeu espaço para o bege em suas diversas nuances, incluindo um bege rosado”. O preto foi mais notável este ano, em composição com a sua dupla clássica, o branco.
A madeira foi uma das protagonistas nos acabamentos vistos na semana de design. Segundo Chiquiloff, o destaque ficou para as estruturas linheiras em seus mais variados tipos: carvalho, nogueira, bambu, ash, entre outros. Outros modelos encontrados foram os com texturas lisas, sem nós ou rachaduras, além das madeiras exóticas como o pau-ferro e o jacarandá. “Nos chamou a atenção a diversidade de cores das madeiras, passando pela lâmina natural de carvalho, pelas tonalidades claras, amendoadas e acastanhadas, todas com uma textura aquecida, acolhedora. Foi uma surpresa a quantidade dessas madeiras”.
Após a visita ao grandioso Salão do Móvel, foi a vez de andar quilômetros pela cidade para aproveitar todos os eventos que o Fuorisalone ofereceu. Centenas de eventos, exposições, instalações e mostras ocupam os mais diversos e inusitados espaços de Milão, como igrejas, galpões, piscinas públicas seculares e universidades que se tornam personagens deste acontecimento do design mundial, integrando os eventos de forma total e fluída ao ritmo da cidade. “Diferentemente do Salão do Móvel, que tem um apelo mais comercial, o Fuorisalone é onde a inovação, a ousadia e a criatividade pulsam com mais liberdade. É onde encontramos o que vai ser tendência daqui a um, dois anos, onde conseguimos expandir o nosso olhar para o futuro, pois se coloca o design em uma esfera muito mais abrangente do que apenas no segmento de decoração: ele se apresenta como uma ferramenta de ajudar a solucionar as questões do mundo”, explica Chiquiloff.
A sustentabilidade é uma preocupação onipresente entre os participantes do Fuorisalone. A busca por novos materiais, o desenvolvimento de novos materiais a partir do reuso de matéria-prima foram algumas das propostas encontradas, todas com uma pegada mais conceitual. Pensar a cidade, como vivemos e como nos comportamos diante das diferentes realidades também foi uma constante presenciada entre os expositores.
“Existe uma preocupação muito grande das novas gerações de desenvolver esses novos produtos com mais consciência do futuro, desenvolvendo novos materiais, desenvolvendo novos produtos, desenvolvendo soluções”.
Em uma proposta de imersão dos sentidos atrelada à apreciação de um modo mais livre e autoral, a Fuorisalone eleva o design ao status de criar artístico, fazendo o espectador interagir de forma direta com a obra. “Queremos sentir, viver como um ser ativo na sociedade, e ter essas experiências nos relembra desse objetivo universal de uma maneira muito rica”, comenta Chiquiloff.
O Brasil teve destaque no Fuorisalone. A Mostra Brasil Design trouxe uma curadoria seleta de designers que conseguem enxergar esse futuro do design de uma forma mais ampla. “O que pudemos concluir é que o brasileiro não deve em nada para nenhum design italiano ou de qualquer lugar do mundo. É o designer brasileiro que está tão presente, tão contemporâneo como o design internacional e isso nos dá muito orgulho”.